segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As Duas Rosas. Castro Alves


As Duas Rosas
Castro Alves

I
São duas rosas unidas,
São duas flores nascidas
Talvez no mesmo arrebol.
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

II
Vivendo... bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho no céu.
Como um casal de rolinhas
como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.



III
Vivendo, bem como os prantos
Que em parelhas descem tantos 
Das profundezas do olhar.
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

IV
Vivendo... ai, quem pudera,
Numa eterna primavera,
Viver qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor.

sábado, 5 de novembro de 2011

ღੴ Poética


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando